Urbitá: uma cidade para pessoas
Empresa responsável pelo projeto de urbanização de uma área de 900 hectares, na Saída Norte do DF, promete trazer para Brasília o conceito do urbanismo caminhável

Uma cidade conectada com a vida. Esse é o slogan do novo empreendimento anunciado na região da Saída Norte do Distrito Federal. Empreendimento de responsabilidade da Urbanizadora Paranoazinho (UP), a cidade Urbitá, como é chamada pelos idealizadores do projeto, irá urbanizar uma área de 900 hectares, sendo 300 hectares destinados à criação de parques lineares, ao longo das próximas décadas.
Como principal inovação apresentada pela empresa, está uma nova proposta urbanística, fundamentada na qualidade de vida, nos pedestres e na sustentabilidade ambiental, conforme informou a Urbanizadora.
O projeto tem recebido aprovações de especialistas dentro e fora do Brasil. Porém, para que a sua primeira etapa seja iniciada, a empresa aguarda a assinatura de Decreto pelo Governo do Distrito Federal (GDF).
O empreendimento prevê instalações de cafés e restaurantes ao ar livre, lojas e bistrôs, além de largas calçadas e ciclovias." A criação da nova cidade, na Saída Norte do DF, promete inovar na relação das pessoas com o espaço urbano. Para isso, é baseado numa visão de uma cidade ambientalmente sustentável e de traçado urbano em escala humana, com prevalência do pedestre e do transporte coletivo, promovendo o desenvolvimento mediante a oferta de empregos, serviços e lazer.
Com prédios de até 10 andares, sem grades ou cercas, integrados ao espaço público e envoltos por três milhões de metros quadrados de parques verdes, a iniciativa poderá ter início já em 2019, após 11 anos de aprovações e licenciamentos. Em dezembro de 2018, recebeu a aprovação do Conselho de Planejamento Territorial e Urbano (CONPLAN) para desenvolvimento de sua primeira fase, que acomodará, no máximo, 11 mil habitantes.
A nova cidade pretende promover o desenvolvimento econômico e social da região, por meio da construção de empreendimentos de uso misto (residenciais, comerciais e institucionais). De acordo com o diretor-presidente da UP e um dos idealizadores do projeto, Ricardo Birmann, “a cidade Urbitá foi pensada a partir do conceito de metrópole polinucleada, com a criação de centros comerciais autônomos, gerando empregos na própria região, em oposição ao modelo de cidade-dormitório. Esse conceito, inclusive, está previsto no PDOT (Plano Diretor de Ordenamento Territorial), com o objetivo de estruturar o DF como uma grande metrópole”.
Birmann reforça que a descentralização será consequência da geração de novos postos de trabalho, comércio e serviços na futura cidade. “Historicamente, o Plano Piloto concentrou boa parte dos empregos do DF. Atualmente, mais de 1 milhão de pessoas trabalham no Plano, enquanto apenas 300 mil dormem lá. Com a geração de empregos em um novo centro, estaremos contribuindo para reduzir o movimento pendular.
Com o objetivo de tornar a cidade Urbitá um modelo de urbanismo e arquitetura no Brasil, a empresa firmou parcerias com escritórios internacionais como a Gehl Architects, da Dinamarca, e a DPZ Codesign, situada nos Estados Unidos.
David Sim, diretor de criação do escritório dinamarquês Gehl Architects, afirma que o projeto traz algo que é desejado pelas pessoas. Para o especialista “as pessoas têm o anseio de morar em ambientes com lugares de fácil acesso, onde possam deixar os filhos na escola e ir andando para o trabalho”.
A arquiteta, urbanista e professora doutora da Universidade de Brasília (UnB), Gabriela Tenório, acompanhou a concepção do projeto e afirma que a nova cidade trará de volta à rua sua função de promover encontros entre as pessoas. “Esses espaços mais bem configurados, menos superdimensionados, favorecem a escala do pedestre e o alcance dos sentidos humanos, fazendo com que as pessoas se encontrem mais”, afirma. A urbanista complementa ao dizer Que "é um alento saber que há uma proposta para esse crescimento, próximo a uma cidade pré-existente, que é Sobradinho, com a possibilidade de conexão entre elas. Traz a possibilidade de ter uma nova centralidade, com novos usos e outras atividades que não apenas a residencial".
O favorecimento do indivíduo e a ausência de muros são algumas das inovações que tentam contrapor à lógica do carro e dos condomínios fechados. Para Galina Tachieva, sócia-diretora da DPZ Codesign, “o projeto apresenta um pensamento urbano nunca antes aplicado em empreendimentos no Brasil, pois respeita a ótica do pedestre e prioriza o caminhar pela cidade. E o mais importante de tudo, um espaço aberto e sem muros”, avalia.
O geógrafo Aldo Paviani, professor doutor da UnB e conselheiro do CONPLAN, declarou que o projeto seguiu o modelo de cidade sustentável. “Ele foi criteriosamente estudado pelo CONPLAN, teve aval das concessionárias de serviços e recebeu todas as licenças ambientais. É uma cidade completa, onde as pessoas poderão trabalhar e morar no mesmo lugar, evitando o surgimento de uma cidade-dormitório”, argumenta.
AQUECIMENTO DO MERCADO IMOBILIÁRIO
Representantes do mercado imobiliário e da construção civil avaliam a criação da nova cidade como um passo importante para o desenvolvimento do DF e, principalmente, da Saída Norte. Na visão do vice-presidente da Indústria Imobiliária do Sinduscon-DF, João Accioly, a nova cidade permitirá o fortalecimento da economia com as obras e a venda dos imóveis. “A construção civil é um setor que emprega muita gente. O impacto será positivo nesse aspecto, pois movimentará a economia puxando outros segmentos de mercado”, pondera.
Também reforçando a geração de empregos, o Presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do DF (CRECI/DF) Geraldo Nascimento, foi além e destacou ainda que “a construção dos imóveis terá um impacto positivo para a diminuição da demanda habitacional, que hoje é muito grande em todo o DF”.
BENEFÍCIOS PARA A SAÍDA NORTE
Alexandre Yanez, administrador regional de Sobradinho II comemorou a chegada do empreendimento. “Sou totalmente a favor, pois é uma oportunidade única para a região, que vive travada pela legislação, barrando o crescimento regional". Porém, alertou que “é preciso estar atento para que a nova cidade não se torne mais uma Águas Claras, com prédios acima de 20 andares”. Perguntado sobre a possibilidade de alterações no projeto, a empresa declarou que “as normas urbanísticas aprovadas pelo CONPLAN determinam que os prédios devem ter no máximo dez andares, e isso será registrado em cartório. Mesmo que a UP venda terrenos para outras empresas, as normas não podem ser descumpridas”.
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), José Carlos Magalhães, também se declarou otimista com os potenciais benefícios da cidade para o comércio. “Com as ocupações de novas áreas, o comércio das cidades vizinhas Sobradinho I e II, além de Planaltina, poderão ser beneficiadas com uma movimentação maior em seu mercado consumidor, principalmente, nas vendas no varejo”, comenta.
QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS
O Jornal Nosso Bairro reuniu depoimentos de especialistas de diversas áreas para saber qual a opinião deles sobre a criação de uma cidade como a Urbitá.
ETHAN KENT
Vice-presidente Sênior da PPS (Project for Public Spaces)

“É por meio dos espaços públicos, que as pessoas vão desenvolver vínculos. Elas se conectarão mais profundamente com as pessoas que já conhecem, mas também vão fazer contato visual e sorrir para pessoas que elas nunca viram. Isso vai ajudá-las a redescobrir o que grandes cidades podem ser. Será um modelo para Brasília, para o Brasil e para o mundo de um bairro urbano e caminhável. Será contagiante.”
JOÃO ACCIOLY
Vice-presidente da Indústria Imobiliária do Sinduscon-DF

“Esse nicho de mercado é uma demanda que existe e que vinha acontecendo de maneira desregulada e ruim para a DF. Hoje temos um déficit habitacional e que precisa ser resolvido, e esse empreendimento representa a maneira correta de se urbanizar novas áreas, solucionando esse problema ordenadamente.”
DAVID SIM
Diretor de Criação da Gehl Architects

“Podemos criar algo que ofereça uma alternativa, e possivelmente criar um lugar mais atrativo para se viver, porque eu acho que é isso que as pessoas estão desejando. Se existisse um lugar onde se pudesse caminhar para a escola, para o trabalho, para o comércio... Esses seriam os primeiros passos para criarmos um ambiente sustentável, onde as pessoas possam ficar mais e não precisem viajar tanto.”
GERALDO NASCIMENTO
Presidente do CRECI/DF

“A construção dos imóveis vai gerar renda e emprego à população, um dos principais fatores que estamos precisando neste momento que ainda é de crise na economia. O déficit habitacional é outro problema que a nova cidade poderá resolver, pois promoverá a diminuição da demanda habitacional que hoje é muito grande em todo o Distrito Federal.”