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Ribeirão Sobradiho pede socorro

Quem o viu no passado, hoje lamenta a poluição causada por conta das ocupações irregulares e do descumprimento das normas ambientais. Para quem o visita, a sensação é de estar ao lado de um esgoto a céu aberto.


Maior rio urbano do Distrito Federal, o Ribeirão Sobradinho não vive seus melhores dias. O corpo fluvial, que já foi usado no passado para diversas atividades da comunidade, atualmente é impróprio até para animais. A ocupação irregular e o descaso com a legislação ambiental podem ser apontados como as principais causas para a sua deterioração. Apesar do mau uso durante os últimos anos, o Ribeirão tenta resistir mostrando a importância que possui para o ecossistema local.

Localizado na porção centro-norte do Distrito Federal, o Ribeirão Sobradinho nasce próximo ao condomínio Alto da Boa Vista, tem 28 quilômetros de extensão, espalhados por uma área de aproximadamente 1.579 km², e possui uma área de drenagem de 144 km². Diversas nascentes contribuem para o aumento da vazão na sua calha principal, que contorna a cidade de Sobradinho.

Até chegar ao Rio São Bartolomeu, onde deságua, percorre chácaras, propriedades rurais e áreas públicas. Porém, o córrego sofre há mais de 20 anos com a ocupação irregular ao longo de suas margens.

Segundo a Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), a população de Sobradinho I e II passou de 133 mil em 2004 para 180 mil pessoas em 2018. O crescimento rápido e desordenado, provocado em boa parte pela instalação irregular de condomínios horizontais, desmatou e impermeabilizou o solo, fazendo com que as águas pluviais se misturassem ao esgoto clandestino e aos resíduos sólidos urbanos jogados em seu leito.

Apesar da atual situação, moradores antigos de Sobradinho lembram com saudade da época em que o Ribeirão ainda tinha suas águas limpas. José Leitão mora em Sobradinho desde a fundação da cidade: “Minha família chegou em Sobradinho em fevereiro de 1960. Sobradinho foi criado em maio de 1960. Cheguei antes, com nove anos de idade”. O morador explica que, no passado, a relação que mantinha com o lugar era de lazer e conforto. Leitão afirma que foi em um dos poços do rio que ele aprendeu a nadar. “Onde hoje há o clube do SESI, na quadra 13, havia um poço onde aprendi a nadar”.

De acordo com Leitão, que é Mestre em Engenharia Ambiental, o crescimento populacional e a falta de capacidade no tratamento de esgoto da região são algumas das justificativas para a poluição do córrego. “A Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) foi projetada para quando Sobradinho tinha 40 mil pessoas. Hoje, somos quase 200 mil pessoas na região e o esgoto produzido está sendo lançado no Ribeirão Sobradinho, tornando-o impróprio para uso”, declara.

No entanto, a Assessoria de Comunicação da Companhia de Água e Esgoto do Distrito Federal (Caesb), informou por meio de nota que a ETE Sobradinho está operando abaixo de sua capacidade. Em 2018, a vazão média foi de 73,8 litros por segundo, correspondendo a 38% da capacidade total, que chega a 196 litros por segundo.

O problema da poluição do córrego deveria ser enfrentado como um assunto de várias Administrações, explica José Leitão. “O Ribeirão Sobradinho nasce na altura da quadra 18. Sua nascente está sob risco severo próximo ao ponto de se tornar irreversível. De lá, desce sofrendo agressões de toda ordem, passando por Sobradinho II, Itapoã e alcançando Planaltina, onde cai no Rio São Bartolomeu”. Esse fato, na visão do morador, abre espaço político para que os Administradores Regionais se mobilizassem para resolver o problema.

Para Leitão, a situação só mudará se houver movimentação por parte da comunidade. “A melhor forma de se antever o futuro é participar da construção deste futuro. Simples assim. Se você conseguir ficar quieto e calado já pode ser arrolado como cúmplice da condenação do Ribeirão Sobradinho. Eu creio em um Ribeirão vivo e cheiroso. Com águas limpas e refrescantes”, destaca o engenheiro ambiental.

ESTAÇÃO DE ESGOTO REFORMADA


Foto: Reprodução

Inaugurada em 1967, a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Sobradinho foi projetada para atender uma população de 40 mil habitantes, com capacidade média de 86 litros por segundo (l/s). Entre 2013 e 2015, a ETE de Sobradinho foi reformada para reduzir a sobrecarga no seu funcionamento. A vazão tratada foi para 196 litros por segundo (l/s).

Apesar do mau cheiro que pode ser sentido ao final do dia, a Estação não está operando com sobrecarga. Segundo nota enviada pela assessoria de imprensa da Caesb, responsável pela gestão da unidade, em 2018, a vazão média foi de 73,8 litros por segundo, correspondendo a 38% de sua capacidade. A unidade possui cerca de 22.500 ligações de esgotos, que estão interligadas no sistema de esgotamento sanitário da ETE Sobradinho.

Questionada acerca da qualidade do esgoto lançado sobre o Ribeirão Sobradinho, a Companhia informou que a ETE Sobradinho foi licenciada pelo órgão ambiental e opera dentro das normas estabelecidas. “A ETE Sobradinho apresenta elevada eficiência operacional atingindo remoções médias de matéria orgânica acima de 82% e para sólidos suspensos de aproximadamente 90%”, declara a Companhia de Água e Esgoto.

ÁGUAS DO RIBEIRÃO SÃO IMPRÓPRIAS PARA CONSUMO E RECREAÇÃO

A Agência Reguladora de águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (Adasa), informou que, segundo a Resolução do Conselho de Recursos Hídricos do DF, que aprova o enquadramento dos rios do Distrito Federal em classes, o Ribeirão Sobradinho é classificado como classe 3.

De acordo com a resolução nº 357/2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), águas classificadas como classe 3 só podem ser utilizadas após tratamento adequado. Sem o devido cuidado, ela não é recomendada para atividades como irrigação, pesca amadora e navegação. Assim, não tem seu uso previsto para recreação de contato primário, tais como natação e mergulho.

Segundo a Adasa, o monitoramento da qualidade de água do Ribeirão Sobradinho é realizado “trimestralmente na estação localizada na foz da Unidade Hidrográfica e quadrimestral nos pontos acima e abaixo da Estação de Tratamento de Esgotos de Sobradinho, operados pela Caesb”.

Em nota, a Agência destacou que o monitoramento de qualidade da água representa dados de um ponto específico. “Não é possível, generalizar essas informações para toda a extensão do corpo hídrico”, diz a nota.

Com o objetivo de evitar o agravamento da poluição do córrego, a Agência informou que verifica regularmente, por meio das outorgas concedidas pelo órgão, se os lançamentos feitos no corpo hídrico do Ribeirão atendem às normas preestabelecidas pelas outorgas.

INICIATIVAS DE CONSCIENTIZAÇÃO SERÃO RETOMADAS



Inaugurada em 2013 pela Administração Regional de Sobradinho, a Casa do Ribeirão foi criada com o objetivo de ser um centro de educação socioambiental e de cultura. Durante esse período atuou como o polo de educação ambiental na região. No entanto, segundo a Administração Regional de Sobradinho, “com a redução de servidores especializados na área, os trabalhos foram suspensos”.

A Administração Informou que pretende reativar as atividades da casa ainda este ano, realizando atividades em parceria com a ONG S.O.S Ribeirão, com incentivo à preservação da natureza.

Um Grupo de Trabalho, composto por diversos órgãos do Distrito Federal, foi criado pelo Decreto nº 33.527/12 e alterado pelo Decreto nº 33.717/12. O Grupo é composto por uma série de entidades do Governo e da sociedade civil. Inicialmente, o objetivo era realizar um diagnóstico da situação do Ribeirão, feito em 2013. Após a entrega do relatório, a Adasa assumiu a coordenação do grupo.

Entre 2013 e 2014, a Adasa realizou uma série de atividades de conscientização e educação ambiental com a população da cidade. Além de palestras em escolas, a Agência promoveu a fiscalização de nascentes na região e mutirões para o plantio de mudas.

URBITÁ PROMETE CONTRIBUIR NA DESPOLUIÇÃO DO CÓRREGO


De acordo com a Urbanizadora Paranoazinho (UP), empresa que construirá o empreendimento conhecido como Urbitá, a ser instalado próximo ao Ribeirão Sobradinho, o esgoto tratado do futuro empreendimento terá uma qualidade acima da classificação atual do córrego e dentro dos padrões exigidos pelas normas legais.

Segundo o diretor-presidente da empresa, Ricardo Birmann, a qualidade do esgoto tratado será de tipo 2, de acordo com a resolução do CONAMA. “O esgoto da Urbitá será mais limpo do que a água do Ribeirão, contribuindo dessa maneira para despoluir o seu corpo hídrico”, afirmou.

Para realizar esta operação, uma nova Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) será construída pela empresa, com uma tecnologia mais avançada, em comparação ao modelo atual da ETE Sobradinho. “A implantação do empreendimento prevê a instalação de uma nova Estação de Tratamento de Esgoto. Ela contemplará uma tecnologia de execução modular e tratamento em nível terciário, que permita a expansão de sua capacidade de acordo com o crescimento da demanda por tratamento ao longo dos anos”, explica. Após a construção da nova Estação, a gestão deverá ser realizada pela Caesb.

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