Pelos parques do Distrito Federal
Mutirão encabeçado pelo Instituto Brasília Ambiental promete revitalizar os parques da Saída Norte e de todo o Distrito Federal para torná-los mais atrativos e melhorar a qualidade de vida da população.

Parque da Cidade de Brasília
Com o crescimento acelerado das cidades, ter contato com a natureza tem se tornado algo cada vez mais restrito. Diante isso, a importância dos parques urbanos tem crescido cada vez mais, tendo o assunto mais atenção por parte do governo e da comunidade.
No Distrito Federal existem, atualmente, 73 Unidades de Conservação consideradas parques. Na região norte, existem três parques mais usados pela população, o Parque dos Jequitibás, em Sobradinho e os parques do Sucupira e o Pequizeiros, em Planaltina. Além dessas áreas, existe também parque Canela de Ema, em Sobradinho II. No entanto, a área, apesar de ser uma Unidade de Conservação, não é oficialmente um parque, e vem sofrendo constantemente com o avanço das ocupações irregulares e com a poluição causada pela própria comunidade.
Com o objetivo de revitalizar essas áreas e tentar trazer de volta as pessoas para utilizarem esses ambientes, O Instituto Brasília Ambiental (IBram), junto com diversos outros órgãos do Governo do Distrito Federal (GDF), criou o Mutirão de Revitalização de Parques. O Órgão, responsável pela manutenção dessas áreas, iniciou em 2019 uma ofensiva para recuperar e tornar esses espaços atrativos novamente.
No último dia 15 de dezembro, o parque das Copaíbas, localizado no Lago Sul, recebeu o Mutirão, que contou com a presença do Presidente do Ibram, Edson Duarte. A ação marcou a abertura de uma trilha ecológica para ciclistas e caminhadas no Parque de aproximadamente 4,3 km. Durante a cerimônia, o presidente do IBram declarou que a reinauguração do parque é “um sonho das comunidades da Região Lago Sul. O Parque das Copaíbas está sendo aberto com a participação de todos, das lideranças comunitárias, das associações, dos ciclistas e dos caminhantes. O parque é da comunidade, da população do DF. Estamos todos de parabéns”.
Em entrevista ao Jornal Nosso Bairro, a Superintendente de Unidades de Conservação, Biodiversidade e Água do IBram, Rejane Pieratti, afirmou que em 2020 o foco do IBram será direcionado para os parques da Saída Norte do DF. Ao todo, nove parques foram revitalizados em 2019. Rejane afirma que “logo no início de 2020, levaremos o Mutirão para o Parque dos Pequizeiros em Planaltina, sendo o primeiro daquela região a receber as atividades de restauração”, comenta.
Dentre as ações desenvolvidas no âmbito do Mutirão, estão a poda de árvores, consertos de alambrados, reparos de infraestrutura geral, além da ativação de espaços de lazer, como os famosos Pontos de Encontro Comunitários - PECs.
Para a superintendente, “em uma cidade que cresce cada vez mais, onde as pessoas ficam trancafiadas dentro dos seus apartamentos, os parques são lugares onde as pessoas podem entrar em contato com a natureza, sendo utilizados também como espaços de lazer”, explica.
Rejane afirma que os parques são essenciais na vida das pessoas. “Quando se vende um apartamento por exemplo, a proximidade de um parque pode ser uma característica de destaque para sua valorização e venda”.
Apesar dos esforços movidos pelo órgão para melhorar a infraestrutura dos parques, Rejane lamenta o fato de o IBram não possuir recursos próprios para realização dessas atividades. “Não temos orçamento direto para manutenção desses parques, então dependemos muito dos recursos vindos do pagamento de compensação ambiental. Por isso, estamos fazendo esse movimento, pois somente dessa maneira, unindo esforços com vários órgãos, é que conseguiremos ter mão de obra e capacidade suficiente para poder realizar essas revitalizações”.
IMPORTÂNCIA DOS PARQUES URBANOS PARA A SAÚDE

Vemos cotidianamente que o agito dos grandes centros urbanos prejudica a saúde física e mental. As cidades estão cada vez mais cinzas e, por isso, é cada vez mais difícil encontrar opções de lazer ao ar livre. As poluições sonora, visual e atmosférica, somadas ao enclausuramento do dia a dia, contribuem com o desencadeamento de problemas pulmonares, cardíacos e emocionais.
Diante deste contexto, a ciência vem mostrando que praticar atividades ao ar livre, em contato com a natureza, é o que precisa ser incorporado na rotina das pessoas como forma de tratamento preventivo.
Os parques, além de terem uma importância para o equilíbrio da biodiversidade local, ainda oferecem à população opções de lazer ao ar livre, com contato com a natureza e exercícios fora de ambientes fechados. As atividades de lazer são formas de divertimento, descanso ou desenvolvimento que podem trazer inúmeros benefícios para saúde física, mental e psicológica.
Para o especialista em análise ambiental Bani Szeremeta, “os parques urbanos são áreas verdes que podem trazer qualidade de vida para a população, pois proporcionam contato com a natureza e suas estruturas e qualidade ambiental, quando adequadas e atrativas, são determinantes para a realização de atividade física e o lazer”. Szeremeta avalia que estas atividades, aliadas ao uso destes espaços, trazem diferentes benefícios psicológicos, sociais e físicos à saúde dos indivíduos, como, por exemplo, a redução do sedentarismo e diminuição do estresse do cotidiano urbano.
O planejamento correto e a conservação de parques públicos, são, de acordo com o pesquisador, “o ponto crucial para o desenvolvimento de política efetiva do projeto urbano e da saúde pública. A beleza da paisagem e a proximidade de um parque ao local de moradia dos usuários, são os principais fatores que incentivam uma utilização frequente para a atividade física e o lazer”, destaca.
O IMPASSE DO “PARQUE” CANELA DE EMA: INCONSTITUCIONALIDADE E DEGRADAÇÃO AMBIENTAL

O local, que já foi parque, situa-se em Sobradinho 2 em uma área de 23,77 hectares e abriga vegetação nativa do cerrado, além de uma nascente que abastece o Córrego Paranoazinho. Apesar de ser conhecido como um parque, sua outorga, concedida nos anos 90 por meio de Decreto Legislativo, foi revogada em 2015 pela constatação de vício de inciativa, pois se tratava de uma tarefa atribuída exclusivamente ao poder Executivo.
Após a revogação, de acordo com o Instituto Brasília Ambiental (IBram), foi contratado, em 2017, juntamente com a Agência reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do DF (ADASA), o “estudo de Diagnóstico Ambiental do Ribeirão Sobradinho, com fins de subsidiar a recriação do parque”. No entanto, de acordo com o órgão, houve empecilhos na execução do contrato, que acabou sendo encerrado sem a apresentação dos produtos”.
Mesmo com a falta de regulamentação, o local encontra-se dentro da Área de Proteção Ambiental do Planalto Central, e é protegida pelo Código Florestal. De acordo com Rejane Pieratti, Superintendente do IBram, mesmo não sendo legalmente um parque, “o Canela e Ema está inserido no cronograma do Mutirão de Revitalização dos Parques do ano de 2020”, garantiu.
REJANE PIERATTI, SUPERINTENDENTE DO IBRAM

Quando o Mutirão de Revitalização iniciou suas atividades e quais são as ações desenvolvidas?
O Mutirão de Revitalização iniciou suas atividades em janeiro de 2019. Atualmente, o IBram faz a gestão de um total de 73 parques em todo o Distrito Federal. As ações desenvolvidas vão desde a poda de árvores, consertos de alambrados, reparos de infraestrutura geral, até a ativação de espaços de lazer, como os Pontos de Encontro Comunitários - PECs, a criação de trilhas e outros atrativos ecológicos.
Qual é a importância dos parques para a comunidade vizinha a eles?
Em uma cidade que cresce cada vez mais, como o caso da Capital Federal, onde as pessoas ficam trancafiadas dentro dos seus apartamentos, os parques são os lugares onde as pessoas podem ter a oportunidade de entrar em contato com a natureza, além de utilizá-los como espaços de lazer e para a realização de atividades ao ar livre.