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Múria Ribeiro, neuropsicóloga especialista em Terapia Cognitivo Comportamental (TCC)

Atualizado: 12 de mai. de 2020


Em entrevista ao JNB, a neuropsicóloga Múria Ribeiro falou sobre as implicações do uso da internet e das redes sociais nos padrões comportamentais dos indivíduos atualmente.

Porque nos identificamos tanto com os memes e vídeos virais que vemos na internet?


Porque são engraçados ou chamam a nossa atenção por algum tema que temos interesse, e quanto mais assistimos, mais prazerosos são. Quando estamos diante de algo prazeroso começamos a ter algumas reações e liberação de dopamina, isso nos dá a sensação de satisfação. Estimula a tendência de vibrar, contagiar e trocar informações com outras pessoas. Com isso, temos a necessidade de assistir sempre, pois aquela sensação é muito boa e isso consciente ou inconsciente nos motiva a compartilhar com outras pessoas.

Muitos memes, como a famosa "caneta azul" são incorporadas ao nosso dia a dia de forma natural, e muitas vezes moldam nossos comportamentos em determinadas situações. Como isso é visto pela psicologia?


Quando realizamos essas atividades, o nosso cérebro libera substâncias e a nossa tendência é repetir esse padrão do conteúdo. Repetimos os comportamentos quando eles são reforçados positivamente. Um vídeo, um meme e uma ideia, são comportamentos que são aprendidos e repassados de pessoa para pessoa, que aprendemos por meio de imitação desde a infância. É preciso saber filtrar e termos cuidado com o uso da internet, justamente para isso não se tornar algo viciante e doentio.

Como nosso psicológico recebe esse conteúdo e por que decide replicá-lo?

Tudo que fazemos exageradamente e compulsivamente cria uma motivação bioquímica. Depois de alguns minutos, o corpo percebe e começa a ter reações e libera dopamina, isso nos dá a sensação de prazer. Acessamos a internet quando não estamos bem, pois sabemos que iremos receber um conteúdo que nos deixará mais calmos, sendo uma forma de anestesiar o que estávamos sentindo. Desta forma, começamos a replicar as informações de maneira demasiada e até sem perceber chegamos a ficar horas e horas anestesiados achando que está tudo bem e resolvido.

Na sua opinião, essa influência é positiva?

Devemos diferenciar internet e redes sociais. A internet veio para possibilitar muitas aprendizagens, para otimizarmos o nosso tempo e as facilidades em busca de oportunidades. As redes sociais estão mais voltadas para um entretenimento com uma visão de negócio, buscando ações de controle do comportamento do outro para chamar a atenção e com isso alcançar os objetivos propostos naquela postagem. Por isso, muitos conteúdos das redes sociais podem ser viciantes.

Isso prejudica a experiência das pessoas na internet e tem provocado transformações comportamentais. Jovens estão deixando de exercitar a capacidade de concentração, por conta dos estímulos que os levam a consumir muita informação fragmentada durante o dia inteiro. Fala-se que as novas gerações são e serão capazes de absorver muitas informações ao mesmo tempo, isso tem feito com que fiquemos em constante estímulo para a distração, sem conseguir nos concentrar em uma só coisa por muito tempo.

A necessidade de compartilhar novidades e conteúdo online é uma forma de buscar aceitação ao estar sempre por dentro do movimento que está acontecendo naquele momento? O que isso diz sobre o indivíduo?


Com o uso exagerado da internet, as pessoas têm ficado cada dia mais isoladas e solitárias, o que motiva a busca por amigos virtuais e informações virtuais. Para se sentirem amados e queridos buscam a internet para não se depararem com as frustrações e rejeições da vida.

A internet tem sido uma boa ferramenta para o bem-estar psicológico das pessoas?

O uso exagerado da internet tem causado vários problemas físicos e psicológicos. Sabemos que depois de ter adquirido um dano físico ou psicológico é preciso buscar uma ajuda profissional. Alguns problemas que podem ser causados pelo uso da internet são os distúrbios depressivos, problemas de relacionamento afetivo e profissional, baixa autoestima, baixo rendimento escolar, ansiedade, paranoias, etc. Ela tem suas vantagens e uma boa ferramenta para aprendizado e distrações, só que temos que saber usá-la.

Quais as principais considerações que os profissionais da psicologia fazem a respeito do assunto?


É válido ressaltar que as pessoas estão cada dia mais distantes uma das outras e do seu convívio familiar e social. É importante que os pais observem os conteúdos que seus filhos estão assistindo e como esse jovem se comporta perante os amigos. Hoje, temos crianças e jovens sofrendo pois não superaram suas dificuldades e vergonhas. Muitos são tímidos e com isso estão sofrendo e não tem capacidade para lidar com as frustrações. Temos que cuidar da nossa memória, pois o uso exagerado de conteúdos viralizados traz a perda do foco e da memória. O acesso em tempo real das informações propicia a sensação de necessidade de armazenamento daquele conteúdo.


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