Luiz Carlos Iasbeck
Atualizado: 19 de mai. de 2020

Caracterizada como uma atitude antiética, as fake news (notícas falsas em português) dominaram as redes sociais como uma estratégia de ataque/defesa e despertaram o debate sobre até que ponto os fins justificam os meios. Para falar sobre suas origens e perigos, chamamos o PHD em Comunicação e Cultura, o professor Luiz Carlos Iasbeck.
Jornal Nosso Bairro - Como o Sr. avalia a relação da ética com os interesses da mídia na atualidade?
Luiz Carlos Iasbeck - Sabemos que os meios de comunicação são empresas que precisam se sustentar e, portanto, terem lucros. Essa relação empresarial não raro afasta a mídia do seu compromisso social para beneficiar grupos que lhe dão sustentação (patrocínios, anunciantes, privilégios de acesso à informação, etc). Dessa forma, podemos dizer que os interesses da mídia, quando coincidem com os da sociedade, não têm como não serem éticos. Quando, ao contrário, têm o propósito de beneficiar alguns mais poderosos ou influentes, em prejuízo da população, são nefastos.
Em sua opinião, o que são fake news?
Fake News são notícias fabricadas com a intenção de enganar, distorcer propositalmente uma situação, prejudicar ou beneficiar alguém. Isso acontece facilmente devido à facilidade de acesso aos meios de produção da notícia.
O que impulsionou o seu surgimento?
A democratização do acesso aos meios de produção e divulgação da notícia trouxe junto com a liberdade de expressão plena os riscos da desinformação ou da contrainformação que aqui denominamos fake news. Isso faz parte dos dissabores da democracia, faz parte do gênero humano e a melhor maneira de lidar com elas não é negando ou condenando.
A Disfunção Narcotizante também tem o mesmo efeito com esse tipo de desinformação?
Chamamos de disfunção narcotizante quando somos bombardeados por informações que vêm de todos os lados, guiadas e emoldadas por diversos interesses que nem temos condições de identificar. Se estar bem informado é condição essencial da modernidade, estar hiperinformado é estar, de certa forma, perdido e paradoxalmente, desinformado. Estar bem informado é saber diferenciar informações de qualidade de outras de consumo fácil e superficiais. Professores e jornalistas estão entre os profissionais mais bem pontuados no ranking de ética do Instituto ETCO. Como o Sr. avalia esse desempenho?
Quem trabalha com o grande público e com a formação de jovens, adolescentes e mesmo adultos têm uma responsabilidade maior do que aquilo que produz e divulga pois sabe as consequências de uma informação descuidada. Professores que buscam fontes credíveis e diversificadas, jornalistas que submetem os dados que recebem ao crivo da análise crítica, esses sim são profissionais que merecem nosso respeito.