Alexandre Guerra, candidato do NOVO ao governo do DF
Atualizado: 19 de mai. de 2020

Em nossa série de entrevistas com os candidatos ao Palácio do Buriti, nosso segundo convidado foi o candidato do partido Novo Alexandre Guerra. Confira abaixo a entrevista com o candidato.
JNB: O seu programa tem muito pontos de incentivo a parcerias público privadas, ao Estado menor, entre outros. Como você faria um apanhado geral desses pontos e de que maneira a saída norte pode ser incluída nesse cenário?
Alexandre Guerra: o nosso governo pretende resolver um vício que é o governo que custa caro para o cidadão e não tem um retorno equivalente. Então não é necessariamente um Estado mínimo, mas um Estado necessário, que custe para nós só o que a gente precisa que ele custe. Atualmente no DF nós temos um orçamento de R$ 42 bi, que é muito generoso por sinal. É o maior orçamento por habitante da federação, mas mesmo assim nós não temos uma saúde eficiente, uma educação transformadora e segurança para ir e vir. O Novo acredita que o Estado tem que se concentrar nas suas funções essenciais, garantindo o acesso de todos a estes serviços. Pois é isso que dará a possibilidade das pessoas se desenvolverem. Mas para que isso aconteça temos que executar uma retirada da ação governamental de outras atividades que não são essenciais ao Estado. Por isso em nosso plano de governo, estamos promovendo abrir uma concessão para o Metrô e para os parques, logo que é muito melhor que estes espaços sejam geridos pela iniciativa privada, explorando suas atividades comerciais. Outra questão é a diminuição da máquina pública. Uma proposta nossa é a diminuição do número de secretarias de governo, deixando apenas 11 pastas. Isso dará mais agilidade e rapidez na gestão dos processos internos do DF. Prego também a redução dos cargos comissionados, inclusive sou o único candidato que defende essa proposta. Dos atuais 17 mil cargos existentes, pretendo manter apenas oito mil, gerando mais economia e colocando o servidor público como protagonista no nosso governo.
Você prega o conceito de gestão de excelência, nos diversos segmentos e serviços que o governo presta a população. A saúde por exemplo, é um dos principais pilares de qualquer governo. Como você vai adequar a área da saúde no DF dentro desse padrão?
A gente tem que ter incentivos ao bom cumprimento do serviço público em todas as esferas. E isso talvez seja um ponto essencial que faltou nos últimos governos. A gente tem um plano de meritocracia para o serviço público que atingirá todas as áreas. Falando da saúde, a gente tem alguns problemas. O primeiro deles é a politização da saúde, que a gente precisa acabar. Os diretores dos hospitais são escolhidos de forma política. Um político hoje controla quem vive e quem morre na cidade, no momento que ele controla a fila de cirurgias eletivas. Temos esse compromisso registrado no cartório pela minha campanha. Temos que implementar uma gestão eficaz sobre o SUS. Hoje por exemplo não temos o controle de estoque feito de maneira eficaz. Um medicamento só é comprado depois que ele acaba no estoque, não é feita uma previsão de demanda para que ele não falte na prateleira.
Temos também que retirar do hospital o atendimento da atenção básica, através de programas que levem saúde na casa das pessoas, reduzindo em 85% o número de atendimentos em hospitais. O fortalecimento das Unidades Básicas de Saúde é importante também, e para isso pretendemos aumenta de 170 para 250 unidades em todo o DF. Isso nos ajuda a ter um atendimento preventivo eficaz, barateando a saúde básica.
Qual sua opinião sobre o Instituto Hospital de Base(IHB)?
Se você for pegar os resultados obtidos pelo IHB, ele propiciou uma melhora perceptível no gerenciamento da unidade. Houve a ampliação do número de leitos, ampliação do número de cirurgia. Muitos candidatos falam que vão voltar atrás nessa questão, mas afirmam isso por puro corporativismo. Esse tipo de política deveria ser executado como uma política de Estado, não somente como uma ação de governo. Nós vãos dar continuidade, fazendo os devidos ajustes para aprimorar o modelo ainda mais.
Qual seus projetos para a educação do DF? O que o NOVO vai trazer de novo para mudar esse cenário?
Nós entendemos que os investimentos públicos em educação devem ser concentrados exclusivamente no ensino fundamental e médio. Hoje 80% do recurso federal vai para o ensino superior, um verdadeiro absurdo. Aqui no DF a gente começa com a proposta de universalização das creches. É importante dar educação para as crianças desde os primeiros anos de vida. Vamos executar esse modelo através de creches conveniadas, que sai mais barato do que a gestão de creches públicas. Outro assunto importante é a reforma do ensino fundamental. Vamos acabar com algumas ideologias que não vingaram como a progressão automática, onde o aluno não repete mais de ano. Isso faz com que os alunos cheguem ao ensino médio com muitas deficiências, sem aptidão alguma.
No ensino médio, nós vamos adotar o ensino técnico, proporcionando ao aluno um caminho direto para o mercado de trabalho e não o caminho convencional do vestibular. Ele fará um caminho diferente, com matérias voltadas ao empreendedorismo, ao mercado de trabalho, pontos que estão previstos também na reforma do ensino médio.
Eu adoraria implantar o ensino integral em todas as escolas do DF, mas seria leviano de minha parte fazer essa afirmação. O atual governador fez essa promessa e não conseguiu cumprir, pois o custo disso é caríssimo. Se a gente conseguir ampliar a oferta dessa modalidade de ensino, priorizando as regiões de maior risco, já será um grande passo, pois consideramos esse assunto muito importante.
Em termos de mobilidade urbana, o que você planeja para resolver os problemas existentes hoje na saída norte do DF?
A gente tem previsto no nosso plano de governo a ampliação do BRT, com o trecho norte, ligando Sobradinho e Planaltina ao Plano Piloto. Gostaríamos que fosse um VLT, mas dentro da análise de viabilidade econômica, nesse momento seria insustentável sua execução.
Existe uma linha férrea que liga Formosa até Luziânia, passando pelo Plano Piloto. Estamos planejando fazer a concessão dessa linha férrea para que ela seja adaptada ao transporte de passageiros. Eu estive na ANPTrilhos, e a viabilidade de ativação dessa linha férrea é totalmente provável.
Qual o ponto de vista do seu governo para o assunto da regularização fundiária?
Eu sou conselheiro do Instituto Atlantis, que trabalha na proposição de políticas públicas. Um dos projetos do instituto que ganhou destaque foi o projeto de regularização da favela do Cantagalo, que levou regularidade para 75% da favela em 4 anos. A nossa ação foi colocar no projeto pessoas que trabalhariam pró-regularização. Eu, caso eleito, colocarei dentro de todas as secretarias responsáveis pelas etapas do processo de regularização pessoas a favor da regularização, para justamente acelerarmos esse ritmo. Vamos reduzir a burocracia e entrar com uma infraestrutura adequada em todas as áreas que farão parte desse projeto. Do outro lado, trabalharemos incessantemente para evitar novas invasões, para que o governo seja o responsável por promover o crescimento populacional da cidade de maneira ordenada e correta.
Alguns candidatos estão prometendo acabar com alguns órgãos fiscalizadores aqui no DF, como a AGEFIS. Qual seu ponto de vista com relação a isso?
Uma afirmação absurda. A Agefis tem um papel importante e tem feito com excelência no último governo que foi o combate a novas invasões. A gente não pode deixar as terras públicas e particulares serem divididas e griladas de forma ilegal como foi no passado, até para evitar o problema que a gente tem hoje. Então no combate a novas invasões, a Agefis tem que ter um punho forte e nesse ponto ela tem agido dessa maneira. Agora não podemos permitir os excessos, que também sabemos que eles ocorrem, principalmente sobre o comércio, prejudicando os comerciantes.
Como você pretende incentivar o comércio e a geração de renda na região da saída norte, permitindo que a dependência com o plano piloto não seja tão grande?
Eu acho que a gente tem que incentivar a economia local. Em sobradinho por exemplo, temos o polo de cinema abandonado. No nosso plano de governo, vamos reativa-lo, e tentaremos levar para região mais parceiros da indústria do audiovisual, incentivadas pelo polo de cinema, gerando uma cadeia econômica. Temos também a construção de um porto seco no DF, e uma proposta que estamos estudando, pois depende de vários fatores, que éa construção de um aeroporto de cargas em Planaltina, tornando o DF um hub Logístico para todo o país. Temos ouvido muito da população da região o pedido de alteração do plano diretor, para que assim se permita a construção de mais comércios na região, que geraria mais empregos nas cidades.
Qual sua percepção sobre o Biotic, o parque tecnológico de Brasília que está instalado na região norte do DF?
É um projeto incrível, mas infelizmente não existe nada lá hoje. Levantaram um prédio que só tem instâncias públicas e alguns startups, mas a vocação inicial do parque, de incentivar grandes empresas de tecnologia, foi abandonada no meio do projeto. O que temos lá hoje é um nada, um vazio que infelizmente foi desvirtuado.