Casarão histórico é derrubado no Setor Tradicional de Planaltina

Na última quarta-feira (30/9), o casarão, conhecido como Casa da Dona Negrinha, localizado na Rua 13 de Maio do Setor Tradicional de Planaltina, foi derrubado sem autorização e conhecimento da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (Secec). A construção histórica faz parte da área de tutela do tombamento do Museu Histórico e Artístico de Planaltina (Decreto nº 6.939/1982).
O imóvel é propriedade particular de um descendente de Delmira Fernandes Guimarães, conhecida como Dona Negrinha. A secretaria afirmou que trata-se de crime "contra o patrimônio cultural".
De acordo com a Secretaria, a Casa da Dona Negrinha estava fechada há mais de uma década, sofrendo com lenta degradação devido à falta de manutenção preventiva e corretiva por parte do proprietário. Nessa terça-feira (29/9), a Secec detectou o desabamento de uma das fachadas da casa em uma vistoria. Em seguida, a Região Administrativa de Planaltina recebeu uma notificação da pasta e entrou em contato com o proprietário (que não morava no local) e a Defesa Civil.

A secretaria comunicou, por meio de nota oficial, que tomará as devidas providências a respeito da derrubada do casarão. “Lamentavelmente fomos surpreendidos com a demolição de toda a estrutura, determinada pelo proprietário. A Secec solicitará o acionamento das instâncias administrativas, fiscalizadoras e jurídicas competentes, para proceder às medidas necessárias à apuração do ocorrido, assim como à aplicação das medidas legais cabíveis, considerando tratar-se de crime contra o patrimônio cultural”, informou.
A presidente da Associação dos Amigos do Centro Histórico de Planaltina-DF (AACHP), Simone Macedo, questiona a necessidade de derrubar o casa. Segundo ela, a AACHP lutava pela Casa da Dona Negrinha, apesar de o local não possuir tombamento individual. “Nós fomos surpreendidos por esse crime, estamos em estado de choque. O casarão é um bem e estava em uma área de tutela, então ele deveria ser preservado” declara a ativista. Segundo Macedo, a construção tinha entre 120 a 140 anos de idade e foi batizada como Casa da Dona Negrinha por um costume da região. “Todos os casarões da cidade possuem nome de mulheres. Na história oral, conta-se que pelo fato de os homens saírem com frequência e ficarem muito tempo fora, as casas eram conhecidas pelo nome da matriarca da família”, explica a educadora.