Caminhos de uma nova geração
Também conhecidos como hiperconectados, os jovens da Geração Z começam a chegar no Ensino Superior e no mercado de trabalho. Para ajudá-los, o JNB trouxe alternativas e exemplos de como trilhar um caminho de sucesso.

Foto original: Toninho Tavares/Agência Brasília
A celebre frase “o jovem no Brasil não é levado a sério”, presente em uma das letras da banda Charlie Brown Jr., reflete talvez um pouco da percepção que o jovem tem sobre a atenção que lhe é dada atualmente na sociedade. No Brasil, apesar de estarmos nos tornando uma população mais madura, em termos de idade, a população jovem ainda representa cerca de 43% do total de cidadãos, de acordo com os dados do Instituto Brasileiro e Geografia Estatística (IBGE).
Apesar da alta representatividade nos números, ele não se reflete do ponto de vista político e social com a mesma intensidade. Entretanto, os caminhos oferecidos para o jovem brasiliense da Saída Norte possibilitam uma certa liberdade para a escolha de boas alternativas a serem seguidas.
NO BRASIL, 7 MILHÕES DE JOVENS, ENTRE 18 E 24 ANOS, ESTÃO DESEMPREGADOS
Diante do atual cenário desemprego elevado, as oportunidades no mercado de trabalho para esta parcela da população ainda são mais escassas do que a média geral. Enquanto a taxa de desemprego caminha próxima dos 12%, segundo pesquisas do IBGE de janeiro de 2020, a taxa de desocupação entre jovens de 18 a 24 anos foi 41,8%, atingindo aproximadamente sete milhões de pessoas.
As principais justificativas para o problema são bem conhecidas: falta de experiência, baixa capacitação, pouca oferta de trabalho e alta concorrência nas vagas oferecidas. Em contrapartida, esses jovens começaram a buscar novos caminhos para a obtenção de mais qualidade de vida e estabilidade profissional. Além do tradicional caminho para a universidade, como alternativa de ascensão social e de desenvolvimento profissional alguns apostam no empreendedorismo, na capacitação técnica e em carreiras relacionadas ao esporte.
Cursos de capacitação ao alcance de todos

Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília
Localizado em Sobradinho, na quadra 4, o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – SENAC, trabalha na saída norte desempenhando um papel importante na vida profissional dos jovens interessados em obterem aprendizado técnico para sua atuação profissional. A unidade oferece cerca de 20 cursos presenciais nas áreas de beleza, saúde, gestão de negócios, informática, moda, segurança do trabalho, barbearia, cabeleireiro, maquiagem, entre outras. Cada curso possui idade e escolaridade mínima, podendo variar entre 14 e 18 anos, com ensino médio completo ou incompleto.
Para a representante da unidade, Bruna Oliveira, a capacitação técnica tem sido uma alternativa muito procurada pelos jovens. “Cursos como os de barbearia e de modelagem em moda são muito procurados, pois são atividades que tem ganhado visibilidade e importância para as gerações mais jovens. No entanto, nossos cursos são muito heterogêneos, temos alunos dos 16 aos 70 anos”.
Bruna salienta que os alunos têm uma formação muito voltada para a prática, que acabam beneficiando a comunidade. O curso de Cabeleireiro, cita a representante, “oferece atividades comuns de um salão de beleza para as pessoas da comunidade. Para os moradores terem acesso ao serviço, basta realizar a doação de 1kg de alimento em nossa unidade. São serviços de corte, escova e pintura dos cabelos. Por se tratar de alunos, pedimos que as pessoas tenham um pouco de paciência, pois se trata de um processo de aprendizagem”, explica.
Os cursos oferecidos pelo Senac Sobradinho variam de 40h, como a capacitação em Recrutamento e Seleção de Pessoas, até 1200h, como o curso de Técnico em Segurança do Trabalho. Os cursos são divididos entre o período da manhã, tarde e noite, e tem valores a partir de R$ 290,00.
Para os interessados que não têm condições de arcar com os custos, o Senac possui o Programa Senac de Gratuidade, o PSG, como é chamado. Para ter acesso ao benefício, o interessado não pode ter renda maior do que dois salários mínimos. A cada dois meses, a Instituição publica editais de ingresso pela modalidade, oferecendo vagas em todos os cursos disponíveis. “A procura é sempre muito grande. Nós buscamos beneficiar o máximo de pessoas possíveis, então não há um limite de vagas para essa modalidade de entrada, isso varia de acordo com o curso desejado. Em alguns casos, já ocorreu que, em uma turma de 15 alunos, dez haviam ingressado pelo edital do PSG”, destaca Bruna.
O próximo edital deverá ser publicado no mês de fevereiro. Para mais informações, o interessado deve procurar a unidade, localizada na área especial 5, Quadra 4, Bloco E, em Sobradinho, ou então acessar o site do Senac DF: www.df.senac.com.br
Esporte como ferramenta de aprendizado e formação humana

Foto: Facebook/Núcleo de Futebol G10
Um dos principais projetos esportivos de Sobradinho II, o projeto Núcleo de Base de Futebol G10 oferece treinos gratuitamente para cerca de 100 crianças e adolescentes, entre 7 e 17 anos de idade. Os beneficiados têm a oportunidade de participar de campeonatos e buscar uma carreira no esporte.
“Ajuda na construção do caráter dos jovens através de valores como disciplina, solidariedade, respeito, responsabilidade, companheirismo, humildade, entre outros.”
As atividades são direcionadas à prática do futebol como ferramenta de inclusão social, desenvolvendo valores para a formação dos jovens. De acordo com o presidente e idealizador do projeto, Gilberto Araújo, o futebol “ajuda na construção do caráter dos jovens através de valores como disciplina, solidariedade, respeito, responsabilidade, companheirismo, humildade, entre outros”.
O projeto conta com apoio de diversos voluntários e parceiros, como a Max Pão, Ciapel e outros comerciantes de Sobradinho. Entre esses parceiros também está a fundação CDL-DF, braço social da Câmara dos Dirigentes Lojistas do Distrito Federal. De acordo com a diretora da Fundação, Andrea Vasquez, “também é papel do empresário promover a inclusão e o bem-estar social, contribuindo para o progresso da sociedade. Pois, além de proporcionar saúde, o esporte ensina valores que podem auxiliar na formação e vida em sociedade dessas crianças”, afirma.
Andrea ressalta que o hábito de praticar esportes contribui para o desenvolvimento de valores sociais. A diretora defende que “é através do esporte que o jovem aprende a ter comprometimento e cooperação, além de desenvolver a sociabilidade. Valores que ajudam na formação de um cidadão”.
Ensino Superior e superação
Rithiele Souza, 25 anos, foi aprovada no curso de Medicina da Universidade de Brasília (UnB), em 2019. O sonho da jovem, que agora é estudante do curso, reflete o desejo e a realidade de boa parte da população jovem da região que, assim como ela, enfrentam diversas dificuldades para se formar no ensino médio.
O ingresso, conta Rithiele, veio com muita emoção, após a divulgação da 3ª chamada do Sisu (Sistema de Seleção Unificada), que se baseia na nota do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) para selecionar os candidatos aptos a ingressarem nos cursos da UnB.
O caminho da jovem até a UnB não foi fácil. Além de ter paralisia hemiplégica cerebral, Rithiele passou por graves problemas em sua infância, chegando até mesmo a abandonar os estudos quando tinha 14 anos. Sua mãe foi vítima de violência doméstica e, no mesmo período, a jovem passou por uma depressão. “Eu não tinha mais vontade de estudar, de fazer nada, foi um momento bem conturbado”, conta.
“O que eu sempre digo é: antes de desistir, pense na sua vida e se vale a pena. Será que você se conforma de estar onde está? O mais importante é estar feliz. Não importa se dizem que você é deficiente, pobre, negro”
Após passar três anos sem estudar, aos 17, Rithiele cursou o 1° ano do ensino médio por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Porém, como ainda era menor de idade, não conseguiu se graduar. Depois, vieram mais três anos sem estudos, período no qual a moradora de Sobradinho trabalhou em diversas empresas como atendente. Aos 20 anos, Rithiele voltou para a EJA e, dessa vez, conseguiu se formar, pegando o diploma de conclusão do ensino médio em 2015.
Depois de um ano, decidiu ir atrás do sonho de ser médica. Ela estudou sozinha, tendo como base cursinhos on-line e o programa “Bora Vencer!”, da Secretaria de Educação. Graças ao empenho, passou para odontologia em 2018, mas optou por não assumir a vaga, pois o seu objetivo era entrar para o curso de medicina, vitória alcançada no ano seguinte.
A estudante afirmou que enfrentou diversos tipos de preconceitos em sua vida por conta da sua doença, condição financeira, entre outros fatores. Porém, nada afetou o seu desempenho. “O que eu sempre digo é: antes de desistir, pense na sua vida e se vale a pena. Será que você se conforma de estar onde está? O mais importante é estar feliz. Não importa se dizem que você é deficiente, pobre, negro”, declara.
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